sábado, 6 de agosto de 2011

Meu Pai!

25 anos sem meu pai, coloco, abaixo, uma crônica de Eliezer Penna, que saiu no Diário da Manhã, relembrando-o.


DIÁRIO DA MANHÃ

Edição nº 8097

Eliezer Penna

Médicos faziam milagres
11/01/2010

Há algumas décadas, quando Goiânia ainda não tinha recebido o benefício da água tratada, era comum as doenças tomarem conta de nossas crianças.

Os hospitais viviam lotados de menores enfermos e de mães aflitas com o drama da desidratação e outros males e decorrentes do terrível veículo que os atormentava - a água contaminada.

Nesses tempos difíceis, os pediatras eram os anjos salvadores de meninos e meninas acometidos de vômitos e diarreias, que, se não cuidados a tempo, geralmente causavam o infortúnio do falecimento.

Eram muitos os especialistas que trabalhavam dia e noite salvando os pequenos doentes. Quem não se lembra dos médicos Geraldo de Souza, Waldomiro Cruz, Otássio Bitencourt, Wilson de Carvalho, Francisco Pilomia de Souza, José Vital Sócrates, Leda Ferolla Guimarães e Helio de Britto, este que tratou tão bem das crianças que acabou escolhido pelos adultos para prefeito da Capital.

Esses profissionais extraordinários, que no meio de tantos outros devem ter os seus nomes guardados no coração dos pais e de seus filhos, não podem ser escolhidos por Goiânia daqueles tempos difíceis. Eram meio santos, pois às vezes faziam milagres, salvando crianças gravemente enfermas.

Certa noite, como diariamente, José Vital Sócrates visitou a Farmácia Campos, do amigo Elísio, e lembrou-o de que há horas havia recebido um chamado de uma família de Campinas, onde uma criança estava enferma. Elísio Campos fechou o estabelecimento e os dois foram atender ao pedido da mãe aflita.

Ao ingressar na casa cheia de visitas, Sócrates ouviu o lamento da mulher:

– Ora, doutor, o senhor demorou tanto que minha filha morreu. Veja, o corpo está em cima da mesa, esperando a chegada do caixão.

O médico pegou o bracinho da criança, fechou os olhos, chorou e orou.

E solicitou ao amigo que o ajudasse a pôr a criança na cama. Mandou fechar o quarto. Começou a fazer exercícios respiratórios na menor. Pediu a ajuda de Elísio. Suava em bicas, mas continuava no exercício desesperador. Aos 45 minutos de trabalho, a criança abriu os olhos e chorou. A mãe invadiu o quarto, abraçou a filha e gritou: milagre, milagre, o senhor ressuscitou minha filhinha...

Esse é um dos médicos a quem Goiânia tanto deve por atendê-la com carinho, fazendo sacrifícios e até milagres nos duros tempos de nossa jovem capital.

Eliezer Penna é atual ocupante da Cadeira nº 5 na AGL

Um comentário:

Anônimo disse...

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